M i n h a s S a u d a d e s
Longe dos olhos perto do coração


Sempre Saudade


Nunca acaba a minha saudade,
Eterna, infinita, frequente.
Saudade é bom, vem do amor.
Mas ao mesmo tempo maldade,
Pois dói lá no fundo da gente.
Dói tanto que até causa ardor
Um ardor que meu peito sente.

@2009

Saudade que me devora

Ela não diz se vai chegar,
nem se vai ficar,
muito menos se pretende ir embora...
é esta saudade que me devora.


Saudades

Tenho saudades de quem nunca vi.
De lugares que nunca fui
De emoções que ainda não vivi.

@2008
Cemitério de Pipas

Com o vento que sopra,
Com os raios que aquecem,
Sobre todas as copas,
Das árvores que crescem,

Flutuam as pipas.
Alegria dos meninos,
De todas as cores,
De todos os feitios.

Mas quando menos se espera...
(Isso faz parte do jogo)
Corta-se a linha da pipa,
Que fica livre no vôo.

A criançada correndo
Atrás daquela rainha,
Que segue a direção do vento,
Sem obedecer sua linha.

Mas se o vento por gosto,
Prende-a num fio de alta tensão,
Vê-se estampada nos rostos,
A grande decepção.

Daqueles que muito esperaram,
Por ser a mais bonita.
Uns até choraram,
Por não pegarem a pipa.

Com o passar do tempo,
A pipa ali prisioneira,
Perde a cor o papel,
Ficando só a madeira.

Olhando os fios eu vejo,
Só os esqueletos daquelas
Que inspiraram desejos
Naqueles dias de férias.

@1975 vania amadeu e revista em 2008

Publicada em
http://www.recantodasletras.com.br/autores/solar


Catuco da Vovó

Para o meu irmão Flávio





Catuco da Vovó


Para o meu irmão Flávio



Minha avó apresentava
Um franco favoritismo
Pelo Catuco da Vovó
Primogênito querido
Eram duas contra unzinho
Precisava ser protegido.
Ele era O bonzinho,
E nós duas: “minina-horríve”.

Não importava a brincadeira
Ele sempre bagunçava.
Jogava as coisas no chão,
Meu URSO VERMELHO SOCAVA,
Ria das minhas tranças,
No armário me trancava.
Por bom tempo suportávamos
Permanecíamos caladas.

Quando não mais "guentava"
Botavamos a boca no mundo:
VÓ-ÓÓÓ!  VEM CÁ-ÁÁÁÁ!!!
Vó vinha logo, num segundo,
Para tudo consertar:
Sem ouvir o nosso lero
Já ia logo a julgar:
“Catuco, larga essas minina,
Que elas num sabe brincá!”

Ora, ora que absurdo:
Duas "injustiçada"!
Muito justa minha avó,
"Tava" sendo enganada!
O sonso com cara de anjo,
Com má fama nos deixava.

O malino que aprontava
Saía limpo e ileso,
Nem uma bronca levava...
Mas tinha o rabo preso.
E lá ia o Catuco,
Com cara mais lavada.
Mas no fundo Vó sabia
Quem era a pessoa errada.

Hoje em dia a gente sabe,
Vó tinha sabedoria.
Sem nenhum estudo usava
Reversa Psicologia.
Com a contenda acabava,
Mas matava a gente à míngua.
Porque ele festejava,
Fazendo cara, dando língua.
Mas de nós Vó afastava
Sem encrenca, aquela íngua.

“Vem comigo, vem Catuco!
Vem, que eu te faço um suco!”
Dessa forma nossos ânimos
Conseguia apaziguar
E assim tranquilamente
A gente voltava a brincar.
Até a próxima vez
Que ele viesse implicar.

Justa mesmo a minha avó,
Esperta como ela só!
Fazia que protegia
O Catuco da Vovó.
Muito sábia e sagaz
Conseguia o que queria:
Em casa, reinar a paz
Sem desatada sangria.

Quanto tempo se passou,
Vovó estrela virou.
Alegrias, incertezas...
A gente casou, separou..
Cada um tomou seu rumo
Todos nós tomamos prumo. (será?)
Não importa nossa idade,
Quantos filhos ou cidade
A gente more, resida,
Minha avó sempre estará
Presente nas nossas vidas.

Nós, as "Minina-horríve"
Lembramos, rindo, com carinho
Do jeito que ela falava
Meio brava e com jeitinho.
Pra dar credibilidade
Ao "nome" que ela nos dava,
Mas a verdade era
que a ninguém magoava.
Era só sua técnica
pra acalmar a criançada.

E para meu irmão então
Não importa o que aconteça
Mesmo quando for velhinho,
Ele sabe de cabeça,
Se for rico ou se for pobre,
Para sempre conquistou,
Título melhor que de nobre,
De lorde, barão, de doutor.
Terá uma certeza só.
E não há certeza melhor:
Que sempre foi, é e será
O Catuco da Vovó!




"Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é não é mera coincidência"


@2008 vaniaamadeu