Cemitério de Pipas

Com o vento que sopra,
Com os raios que aquecem,
Sobre todas as copas,
Das árvores que crescem,

Flutuam as pipas.
Alegria dos meninos,
De todas as cores,
De todos os feitios.

Mas quando menos se espera...
(Isso faz parte do jogo)
Corta-se a linha da pipa,
Que fica livre no vôo.

A criançada correndo
Atrás daquela rainha,
Que segue a direção do vento,
Sem obedecer sua linha.

Mas se o vento por gosto,
Prende-a num fio de alta tensão,
Vê-se estampada nos rostos,
A grande decepção.

Daqueles que muito esperaram,
Por ser a mais bonita.
Uns até choraram,
Por não pegarem a pipa.

Com o passar do tempo,
A pipa ali prisioneira,
Perde a cor o papel,
Ficando só a madeira.

Olhando os fios eu vejo,
Só os esqueletos daquelas
Que inspiraram desejos
Naqueles dias de férias.

@1975 vania amadeu e revista em 2008

Publicada em
http://www.recantodasletras.com.br/autores/solar


Um comentário:

  1. Querida Vânia,
    A poesia nos leva a uma viagem no tempo. Agradeço a homenagem prestada, pois me sinto um dos seus personagens.
    Márcio Muniz

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